O número de acidentes com escorpiões aumentou em Santa Catarina nos primeiros meses de 2025. Segundo o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox/SC), da Secretaria de Estado da Saúde (SES), entre 1º de janeiro e 13 de fevereiro foram registrados 82 casos no estado. O calor e a umidade favorecem a proliferação desses animais, tornando-os mais ativos e elevando o risco de contato com humanos.
A bióloga Taciana Seemann, do CIATox/SC, explica que esse aumento é comum durante os meses mais quentes e chuvosos, período em que há maior oferta de alimento para os escorpiões. “A maioria dos acidentes não é grave, mas é preciso atenção às espécies de maior importância médica”, alerta.
Espécies mais perigosas
Em Santa Catarina, os escorpiões de maior risco são o escorpião marrom (Tityus bahiensis), com sete casos registrados em 2025, e o escorpião amarelo (Tityus serrulatus), com cinco ocorrências. O escorpião amarelo, apesar de não ser nativo do estado, tem se adaptado a áreas urbanas e se reproduz sem necessidade de um macho, o que favorece sua disseminação.
Os casos com escorpião amarelo foram registrados em Blumenau, Braço do Norte, São José, Tijucas e Ituporanga. Já a espécie Tityus costatus, conhecida como escorpião marrom ou manchado, foi responsável por 25 atendimentos, principalmente no Meio-Oeste, Oeste e Serra Catarinense. Embora não seja considerada perigosa, pode ser confundida com o Tityus bahiensis, que tem maior relevância médica.
Outros 21 casos foram identificados apenas pelo gênero Tityus, enquanto em 24 ocorrências não foi possível determinar a espécie. Não houve registros de acidentes graves ou óbitos.
Como diferenciar escorpiões perigosos
No Brasil, os escorpiões de importância médica pertencem ao gênero Tityus e possuem um pequeno espinho abaixo do ferrão. Sua coloração também é mais fosca, ao contrário das espécies inofensivas, que apresentam aparência brilhante. Em Santa Catarina, o escorpião-preto (Bothriurus sp) é um exemplo de espécie sem risco à saúde humana, causando apenas dor local leve.
Prevenção e cuidados
A bióloga ressalta que o uso de inseticidas não é eficaz no combate aos escorpiões e pode até favorecer a dispersão dos focos. “A melhor forma de controle é eliminar os locais onde eles se abrigam e seu alimento, como baratas”, explica.
Medidas preventivas incluem:
- Manter a casa e o terreno sempre limpos;
- Eliminar entulhos e materiais que possam servir de abrigo;
- Vedar soleiras de portas e ralos de pias e tanques;
- Verificar calçados e roupas antes de vestir;
- Manter camas afastadas da parede;
- Utilizar sapatos fechados e luvas em atividades externas.
Em caso de picada, a recomendação é lavar o local com água e sabão e buscar atendimento médico. Se possível, fotografar o escorpião para facilitar a identificação. Crianças e idosos são os mais vulneráveis a quadros graves, que podem exigir o uso de soro antiescorpiônico.