Sete meses depois de completar Jubileu de Ouro (50 anos de sacerdócio), o padre Ari José Soga, de 77 anos, morreu na madrugada deste sábado (27) no Hospital Nova Clínica, em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba. O religioso era muito querido na cidade de Colombo.
Padre Ari exerceu sua vocação em Santa Cecília por pelo menos 17 anos. Ele fez parte da comunidade ceciliense no final dos anos 80 e em meados dos anos 2000. Neste período além de Santa Cecília também compartilhava sua missão com a comunidade de Timbó Grande. O talento do gaúcho, nascido na cidade de Farroupilha também foi emprestado para rádio Alvorada, na época em que a emissora operava em 1300 AM.
Era final dos anos 80 quando o diretor da emissora Ary Corrêa Ramos (In memoriam) notou que o talento do padre ia além do altar da igreja e o convidou para apresentar um programa de rádio. De pronto foi atendido, e a partir daquela data a voz do padre era ouvida diariamente através das ondas do rádio, como apresentador oficial do programa Roda de Chimarrão, levado ao ar no horário das 07h00 as 08h00.
O sucesso foi tanto que o religioso recebeu o apelido carinhoso de “Índio Farrapo”. Por inúmeras vezes o programa apresentado por ele foi campeão em audiência, era o que mais recebia as “cartinhas” dos ouvintes.
Para preparar o momento de entrar no Ar, o Índio Farrapo chegava com pelo menos 20 minutos de antecedência, e no momento que ligava o microfone começava com a tradicional abertura, declamando a “Oração do Gaúcho” de Omair Trindade.
“Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e com licença, Patrão Celestial
Vou chegando, despacito, enquanto cevo o amargo de minhas confidências
Porque ao romper da madrugada e o descambar do sol,
preciso camperear por outras invernadas e repontar do céu
A força e a coragem para o entrevero do dia que passa
Eu bem sei que qualquer guasca, bem pilchado, de faca e rebenque e esporas
Se não se afirma nos arreios da vida, não se estriba na proteção do céu.
Ouve, Patrão Celeste, a oração que te faço.
Ao romper da madrugada e o descambar do sol, tomara que todo o mundo seja como irmão
Ajuda-me a perdoar as afrontas e não fazer aos outros o que não quero pra mim.
Perdoa, meu Senhor, porque rengueando pelas canhadas da fraqueza humana
De quando em vez, quase sem querer, eu me solto porteira afora…
Êta potrilho chucro, renegado e caborteiro…
Mas eu te garanto, meu Senhor, quero ser bom e direito
Ajuda-me Virgem Maria, primeira prenda do céu
Socorre-me São Pedro, capataz da estância gaúcha
Mas pra fim de conversa vou te dizer meu Deus, mas somente pra ti:
Que a tua vontade leve a minha de cabresto pra todo o sempre até a querência do céu.
Amém”.
História
Em 15 de agosto de 1970, juntamente com seu amigo de infância, Pe. Benício Tamanini, padre Ari recebeu o sacramento da Ordem e celebrou sua primeira missa na Igreja de Forqueta. Os primeiros anos de seu sacerdócio foram dedicados às missões, posteriormente trabalhou nas paroquias do Calvário e Osasco, em São Paulo, Paróquia do Cabral, em Curitiba, Santa Cecilia, em Santa Catarina. Atualmente estava em Colombo.
O sepultamento será realizado na cidade de Forqueta RS onde Ari celebrou sua primeira missa.
“Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé”. (II Timóteo 4-7)
Aos familiares e amigos as sentidas condolências da direção e funcionários das rádios Alvorada e Fraiburgo.