A volta às aulas em Santa Catarina, prevista na rede privada de ensino para o dia 8 de fevereiro e na rede estadual para o dia 18, ocorrerá em três formatos diferentes, a depender da infraestrutura de cada escola e que poderão ser aplicados ao mesmo tempo. Os modelos foram definidos pela Secretaria de Estado de Educação (SED) e divulgados na segunda-feira (25).
Escolas com capacidade para receber e acomodar todos os alunos sem desrespeitar o distanciamento de 1,5 metro entre as classes poderão atuar com atividades totalmente presenciais, caso os responsáveis concordem em mandar as crianças para o estabelecimento.
No entanto, os educandários também poderão atuar com o formato adotado durante a pandemia do coronavírus – 100% online – e com um modelo nomeado como educação mista, que vai intercalar as turmas entre aulas presenciais e à distância.
Doutora em Educação e professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Regional de Blumenau (FURB), Cássia Ferri diz que as plataformas utilizadas para o ensino de jovens, sejam elas presenciais ou à distância, devem ser vistas como a menor das preocupações:
– Não se trata de uma escolha ou de hierarquizar o que é melhor. Trata-se de tornar cada uma dessas atividades, experiências que levem os alunos, por meio dos conhecimentos escolares, a um pensamento complexo, que permita esse sujeito a aprender a pensar, a autorregular o seu processo de aprendizagem e a se tornar um cidadão pleno, capaz de usar todos os recursos para qualificar a sua vida.
Para a especialista, a discussão que já estava em pauta e se tornou ainda mais latente durante a pandemia é justamente de que, independentemente do formato como ocorre, o ensino não se trata de “vencer conteúdos”, mas de desenvolver habilidades cognitivas – que envolvem questões físicas, emocionais e mentais – em cada aluno.
– O que não é mais possível é um movimento de aprendizagem baseado em memórias, em repetição e em exercícios frágeis, coisas que não acrescentam nesse processo – ponderou.
Entenda cada modelo
As instituições poderão optar pela adoção dos três formatos ao mesmo tempo, segundo a Secretaria de Estado de Educação (SED), quando tiver condições de atender os estudantes em todas as plataformas. Veja abaixo como deve funcionar.
Modelo tradicional – totalmente presencial
O modelo tradicional, com todos os alunos presentes na sala de aula, assim como os professores, será aplicado somente nas escolas que dispuserem de salas com infraestrutura adequada para realizar o distanciamento de 1,5 metro exigido entre as carteiras dos alunos.
No entanto, se uma escola tiver turmas com muitos alunos que pertencem ao grupo de risco ou que os pais preferirem não mandar os filhos para a escola, os demais colegas poderão ter aulas 100% presenciais, já que a sala comportará o número total de estudantes que vão à instituição.
Professores do grupo de risco
Na rede estadual, ficou definido que os professores que pertencem ao grupo de risco e que lecionam nos anos iniciais do Ensino Fundamental serão substituídos temporariamente. Já nos anos finais do Fundamental e do Médio, as disciplinas serão ministradas de maneira remota.
Matriz de risco do coronavírus
Nesse modelo e na rede estadual, ainda deve ser levada em conta a matriz de risco da região das escolas. Em nível gravíssimo para coronavírus, (em cor vermelha no mapa), a unidade passa a atender no modelo misto. Na rede privada, a regra continua igual: observar o espaço mínimo entre os alunos.
Modelo misto
Ainda não aplicado em Santa Catarina, o modelo misto, que deve incluir o maior número de alunos da rede estadual, vai funcionar com a alternância dos grupos que frequentam a escola e dividido em dois momentos: o “Tempo Escola” e o “Tempo Casa”. O atendimento presencial deve ocorrer de duas a três vezes por semana nos anos iniciais e semanalmente nos anos finais do Ensino Fundamental e doe Ensino Médio.
Tempo Escola: consiste no atendimento presencial na unidade escolar, com turmas subdivididas em grupos.
Tempo Casa: as atividades pedagógicas podem ser realizadas com ou sem a mediação por tecnologias digitais, com orientação para que as escolas criem dinâmicas para que estudantes sem acesso possam, sempre que possível, integrar-se às atividades em espaços disponibilizados na unidade.
Organização da carga horária
Nesse modelo, a recomendação às escolas do Estado, é que priorizem horários concentrados nas turmas para evitar trocas de sala constantes. O aluno deve permanecer na sala e, se possível, a carteira deve ser marcada para que o estudante use sempre a mesma.
Modelo totalmente online
Aplicado ao longo de 2020, com a suspensão das aulas presenciais, o modelo 100% online continua em 2021 para os cerca de 28 mil alunos da rede estadual que, comprovadamente, fazem parte de grupo de risco para Covid-19, assim como os professores.
Pais que optarem por manter filhos em casa
Essa modalidade também será ofertada quando os pais optarem por manter seus filhos em atividades remotas. Nesse caso, os responsáveis devem assinar um termo de compromisso informando o desejo de manter o estudante nesse modelo.
O termo tem validade de 15 dias e pode ser suspenso por desejo dos pais ou responsáveis, desde que a escola seja formalmente informada com sete dias de antecedência.
Fonte: NSC