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    Rádio Alvorada 94.5 - Santa Cecília
Créditos da Imagem: Reprodução/Yandex Imagens

Estados Unidos entram em paralisação após impasse orçamentário no governo Trump

Os Estados Unidos iniciaram nesta quarta-feira (1º) uma paralisação parcial do governo federal — conhecida como “shutdown” — após o Congresso não aprovar o projeto de orçamento proposto pela administração do presidente Donald Trump. A medida interrompe uma série de serviços públicos e coloca centenas de milhares de servidores em licença não remunerada, enquanto apenas atividades consideradas essenciais continuam operando.

Este é o primeiro shutdown desde 2019 e o terceiro sob o governo Trump. O impasse entre democratas e republicanos gira em torno da renovação de programas de assistência médica, que os democratas exigem manter como condição para aprovar o orçamento. Os republicanos, por sua vez, defendem que saúde e orçamento sejam tratados separadamente.

Impactos imediatos em serviços e infraestrutura

A paralisação afeta diretamente agências federais, parques nacionais, centros de pesquisa e obras públicas. O Monumento a Washington foi fechado “até segunda ordem”, segundo o Serviço Nacional de Parques. A Estátua da Liberdade permanece aberta, mas corre risco de fechamento por falta de recursos estaduais, conforme declarou a governadora de Nova York, Kathy Hochul.

Museus da Instituição Smithsonian, incluindo o Zoológico Nacional, devem permanecer abertos até pelo menos segunda-feira (6). Já a Ilha Ellis, em Nova York, foi oficialmente fechada para visitantes nesta quarta-feira.

O diretor de orçamento da Casa Branca, Russ Vought, bloqueou cerca de US$ 18 bilhões em investimentos em Nova York, incluindo obras no metrô da 2ª Avenida e um túnel sob o rio Hudson.

Funcionários federais e agências afetadas

O Departamento de Segurança Interna (DHS) colocou mais de 14 mil funcionários em licença, enquanto os agentes de segurança continuam operando. O Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) afastou 41% de seus servidores, afetando pesquisas e atendimentos no Instituto Nacional de Saúde (NIH). A Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) segue aberta, mas com atividades reduzidas.

Na Administração Federal de Aviação (FAA), 11 mil funcionários foram dispensados, enquanto 13 mil controladores de tráfego aéreo continuam trabalhando sem salário. A FAA já operava com déficit de 3.800 profissionais antes da paralisação.

No Pentágono, mais da metade dos 742 mil funcionários civis será afastada. Cerca de 2 milhões de militares permanecem em seus postos. Visitas diplomáticas e reuniões com chefes de Estado foram canceladas.

Economia e projeções

Segundo estimativas do Bloomberg Economics, caso o shutdown se prolongue por três semanas, a taxa de desemprego pode subir de 4,3% para até 4,7%. O Escritório de Orçamento do Congresso estima que paralisações anteriores causaram perdas irreversíveis, como os US$ 3 bilhões não recuperados da crise de 2018-2019.

Mercados financeiros já reagiram com queda nos índices asiáticos e desvalorização do dólar frente a outras moedas. A divulgação de dados econômicos, como o relatório de emprego, será adiada, o que pode afetar decisões do Federal Reserve sobre juros.

Contexto político e histórico

O atual shutdown ocorre quase sete anos após a última paralisação, também durante o governo Trump, que durou 35 dias e foi a mais longa da história dos EUA. Na época, o impasse envolvia o financiamento do muro na fronteira com o México.

Desta vez, o foco está nos programas de saúde pública. Os democratas exigem a renovação de benefícios expandidos durante a pandemia e a reversão de cortes no Medicaid. O governo Trump, por sua vez, tenta responsabilizar os opositores pelo bloqueio orçamentário, com comunicados oficiais e vídeos divulgados pela Casa Branca e outras agências federais.

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