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    Rádio Alvorada 94.5 - Santa Cecília
Foto: Yandex imagens

Brasil terá vacina 100% nacional contra dengue com produção de 60 milhões de doses anuais

O governo federal anunciou que, a partir de 2026, o Brasil passará a produzir mais de 60 milhões de doses anuais da primeira vacina 100% nacional contra a dengue. O imunizante será desenvolvido pelo Instituto Butantan em parceria com a empresa chinesa WuXi Biologic e terá dose única, protegendo contra os quatro sorotipos do vírus. A iniciativa faz parte do Programa de Desenvolvimento e Inovação Local do Ministério da Saúde e terá um investimento total de R$ 1,26 bilhão, com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Durante o evento “SUS como alavanca da inovação e produção em saúde”, realizado no Palácio do Planalto, a então ministra da Saúde, Nísia Trindade, destacou a importância do projeto e a capacidade da vacina em expandir a imunização contra a dengue no Brasil. Segundo ela, o objetivo é vacinar toda a população elegível, de 2 a 59 anos, em até dois anos após o início da produção. Poucas horas após o anúncio, Nísia foi demitida do cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O Instituto Butantan já iniciou a fabricação do imunizante em seu complexo industrial e garantiu que até 2027 entregará 100 milhões de doses ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), incluindo 1 milhão ainda em 2025. No entanto, a vacinação em massa contra a dengue não ocorrerá no próximo ano, já que a produção em larga escala só será atingida em 2026.

A vacina Butantan-DV, considerada um avanço na imunização contra a dengue, tem eficácia geral de 79,6% na prevenção de casos sintomáticos, de acordo com estudos publicados no New England Journal of Medicine. Outros dados, divulgados na The Lancet Infectious Diseases, indicam que o imunizante oferece 89% de proteção contra formas graves da doença e eficácia prolongada por até cinco anos.

O pedido de registro da vacina foi submetido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em dezembro de 2024 e ainda está sob análise. A agência solicitou informações complementares ao Butantan, mas já concluiu a avaliação dos dados de qualidade, segurança e eficácia do imunizante. Apesar disso, a vacina ainda não foi testada em idosos devido às especificidades dessa faixa etária, o que pode adiar sua liberação para esse público.

Diante do avanço da dengue no Brasil e da baixa disponibilidade inicial de vacinas para 2025, o governo reforçou a necessidade de medidas preventivas. O método Wolbachia, que introduz uma bactéria nos mosquitos Aedes aegypti para reduzir a transmissão do vírus, e as Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDL) estão entre as estratégias que vêm sendo intensificadas para o combate à doença.

Além da vacina contra a dengue, o evento também marcou o anúncio de três novas parcerias público-privadas na área da saúde. Entre elas está a criação da primeira planta produtiva de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) de insulina da América Latina, com previsão de fornecimento ao Sistema Único de Saúde (SUS) em 2026. Outra parceria envolve a produção nacional da vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), em colaboração entre o Butantan e a Pfizer, com capacidade para fabricar até 8 milhões de doses anuais. Já a terceira iniciativa garantirá a produção e distribuição de mais de 30 milhões de doses da vacina Influenza H5N8 contra a gripe aviária.

Com esses investimentos, o governo busca fortalecer o Complexo Econômico-Industrial da Saúde e reduzir a dependência de imunizantes importados, ampliando a capacidade nacional de produção de vacinas e medicamentos essenciais para o país.

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