O mundo está enfrentando uma verdadeira pandemia de insônia, de acordo com o otorrinolaringologista Edilson Zancanella, professor da Unicamp e presidente da Associação Brasileira de Medicina do Sono. Zancanella também é membro da organização científica do World Sleep 2023, um congresso internacional que ocorrerá no Rio de Janeiro entre os dias 20 e 25.

Durante o evento, especialistas irão divulgar um novo consenso sobre a insônia, levando em consideração sua prevalência significativa na população e as abordagens tanto medicamentosas quanto não medicamentosas.

“A situação é preocupante no Brasil; poderíamos dizer que houve uma pandemia de insônia durante a pandemia do coronavírus, quando o número de casos de distúrbios do sono disparou”, explicou Edilson Zancanella.

Infelizmente, muitas pessoas buscam o médico em busca de um “remedinho” para dormir, sem querer fazer mudanças nos hábitos que compõem a higiene do sono. Zancanella enfatiza que uma das maneiras mais apropriadas de lidar com o problema é por meio da terapia cognitivo-comportamental.

Na opinião de Zancanella, embora a insônia tenha recebido mais atenção nos últimos anos, as pessoas ainda não perceberam a importância do sono para a qualidade de vida e uma vida ativa e longa.

“A maioria das pessoas sabe o que é pressão alta ou diabetes, agora temos a missão de fazer o mesmo em relação ao sono. Iniciamos um levantamento nas faculdades de medicina para mapear a carga horária referente ao ensino sobre o sono na graduação. É assustador, porque às vezes o tempo dedicado ao tema é de 15 minutos ou meia hora. Um aprofundamento depende, principalmente, da iniciativa de profissionais que se especializaram e levam a matéria para a sala de aula. Estamos falando de algo que os próprios médicos não estudaram na universidade”, destacou Zancanella.

O World Sleep 2023 tem a expectativa de receber 3 mil participantes e oferecerá um programa emocionante de apresentações científicas, cursos e eventos sociais. Entre as novas tecnologias a serem debatidas, está a estimulação do nervo hipoglosso, que ainda não é realizada no país e tem o potencial de reduzir a apneia obstrutiva do sono por meio de estímulos elétricos semelhantes aos de um marca-passo, evitando o relaxamento dos músculos da faringe e os consequentes comprometimentos respiratórios. Mais informações sobre o congresso podem ser encontradas em worldsleepcongress.com.