Na manhã desta quinta-feira, 27 de março de 2025, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) colocou em ação uma força-tarefa que promete estremecer a gestão pública no estado. Batizada de “Control C”, a operação, conduzida pelo Grupo Especial Anticorrupção (GEAC) e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO), mira uma suposta rede criminosa infiltrada no fornecimento de softwares a prefeituras catarinenses. O alvo principal é uma empresa de licenças de uso de software, suspeita de vencer licitações manipuladas com a ajuda de Termos de Referência (TR) feitos sob medida por integrantes do próprio grupo.
As investigações revelam um esquema engenhoso: os requisitos dos editais eram desenhados para favorecer a empresa nas chamadas Provas de Conceito (PoC), garantindo contratos em diversos municípios. Há sinais de que o grupo mantinha contatos prévios com as prefeituras antes mesmo da publicação dos editais, e a repetição quase idêntica na redação dos documentos entre diferentes processos deu a pista crucial – e o nome da operação, inspirado no comando “Ctrl + C” de copiar texto. O resultado? Um sistema que, segundo o MPSC, burlava a concorrência e lesava os cofres públicos.
A ofensiva abrangeu 17 cidades catarinenses, com 46 mandados de busca e apreensão cumpridos em endereços de pessoas físicas, empresas e órgãos públicos. Florianópolis, Tubarão, Araranguá, Palhoça, Blumenau e Criciúma estão entre os municípios vasculhados, numa ação que mobilizou Auditores Fiscais da Secretaria da Fazenda e Peritos Criminais da Polícia Científica. As ordens vieram do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, já que o caso envolve suspeitos com foro privilegiado, o que aumenta a gravidade das acusações.
Tudo o que foi recolhido – de documentos a equipamentos eletrônicos – seguirá para análise detalhada pela Polícia Científica, que vai destrinchar as evidências antes de devolvê-las à equipe de investigação. Por enquanto, o processo corre em segredo de justiça, mas o MPSC promete atualizações assim que os autos forem liberados. A operação “Control C” não só expõe um possível rombo na administração pública, como também joga luz sobre a necessidade de mais transparência e rigor nos processos licitatórios em Santa Catarina.