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    Rádio Alvorada 94.5 - Santa Cecília

Nova Variante do HIV é Identificada em Três Estados Brasileiros

Variante CRF146_BC, uma combinação dos tipos B e C, foi descoberta em amostras de pacientes no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia; estudo sugere que a nova variante já pode estar amplamente disseminada.

Uma nova variante do HIV, classificada como CRF146_BC, foi identificada em pelo menos três estados brasileiros, de acordo com um estudo publicado na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz nesta sexta-feira (16). A pesquisa, conduzida pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), encontrou a nova variante em amostras de sangue de pacientes soropositivos no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia.

A análise de uma amostra genética de 2019, coletada de um paciente em Salvador, revelou fragmentos dos tipos B e C do HIV. Ao comparar essas sequências com dados de bancos científicos, os pesquisadores identificaram três ocorrências adicionais da mesma variante em outras regiões do Brasil, levando à sua classificação como CRF146_BC.

Segundo Joana Paixão Monteiro-Cunha, autora da pesquisa, a variante pode ter surgido de uma coinfecção, onde um paciente foi simultaneamente infectado por ambos os tipos do vírus. “Quando duas variantes diferentes infectam a mesma célula, podem surgir híbridos durante a replicação viral”, explica Monteiro-Cunha. A pesquisadora alerta que a nova variante pode já estar amplamente disseminada, uma vez que as variantes encontradas em diferentes regiões parecem ter um ancestral comum.

Embora o subtipo B do HIV seja o mais prevalente no Brasil, a nova variante possui a maior parte de seu material genético derivado do tipo C. Monteiro-Cunha observa que, nas formas recombinantes envolvendo os dois subtipos, o subtipo C geralmente predomina, possivelmente devido a vantagens adaptativas.

Próximos Passos e Monitoramento

Mais estudos são necessários para entender as diferenças na transmissão e progressão da nova variante em comparação com os tipos C e B. No entanto, até o momento, não há evidências de que o tratamento antirretroviral precise ser modificado, já que não foram identificadas grandes diferenças na resposta à terapia.

Desde 1980, mais de 150 combinações entre as variantes B e C do HIV foram descobertas globalmente. A equipe de pesquisadores continuará monitorando e investigando novas variantes para ajudar no controle e na vigilância da doença.

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