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    Rádio Alvorada 94.5 - Santa Cecília
(foto: reprodução/EBC)

Juiz de Fraiburgo é afastado por suspeita de ligação com relatório que questionava urnas eletrônicas

O juiz Sandro Nunes Vieira, natural de Fraiburgo (SC), foi afastado de suas funções pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), após ser mencionado em um relatório da Polícia Federal que investiga a tentativa de golpe de Estado nas eleições de 2022. Vieira, atualmente atuante no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Paranaguá (PR), é acusado de assessorar, de forma clandestina, o Partido Liberal (PL) na elaboração de um relatório com ataques às urnas eletrônicas.

O relatório questionado foi produzido pelo Instituto Voto Legal (IVL), contratado pelo PL por R$ 1,5 milhão, e serviu como base para o pedido do partido de anular parte dos votos do segundo turno. Esse pedido foi considerado de “má-fé” pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que aplicou uma multa de R$ 22,9 milhões ao PL.

Mensagens interceptadas pela Polícia Federal mostram que o ex-assessor presidencial coronel Marcelo Câmara pediu ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, para evitar a citação de Vieira em documentos do PL. Além disso, o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, afirmou que Vieira colaborava nas análises sobre supostas irregularidades nas urnas eletrônicas.

O afastamento foi determinado pelo ministro Mauro Campbell, corregedor nacional de Justiça, após o Supremo Tribunal Federal (STF) notificar sobre a possível conduta irregular de Vieira. Embora citado nas investigações, o magistrado não está entre os 37 indiciados pela PF.

A Polícia Federal concluiu que os ataques ao sistema de votação faziam parte de um esforço para desacreditar as eleições, promovendo desconfiança pública e criando um ambiente favorável a uma resistência organizada contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva.

Vieira é formado pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc) e pela Escola da Magistratura de Santa Catarina (Esmesc). Ele atuou como juiz auxiliar no TSE de 2019 a 2022, período em que chegou ao cargo de Secretário-Geral da Presidência da Corte. Ele deixou o tribunal em agosto de 2022, poucos meses antes das eleições.

O processo contra o magistrado segue em sigilo, e seu afastamento ocorre enquanto as investigações avançam, trazendo novos desdobramentos sobre as tentativas de interferência nas eleições de 2022.

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