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    Rádio Alvorada 94.5 - Santa Cecília
Arte Metrópoles

Juiz aposentado enfrenta denúncia por falsidade ideológica em São Paulo

Uma denúncia do Ministério Público de São Paulo revelou uma trama surpreendente envolvendo um juiz aposentado, acusado de manter uma identidade falsa por mais de quatro décadas. Segundo a Promotoria, o homem registrado como Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield, de 67 anos, é, na verdade, José Eduardo Franco dos Reis. Durante esse período, ele teria enganado instituições públicas, incluindo o Tribunal de Justiça de São Paulo, ao usar um nome fictício enquanto preservava sua identidade real. As motivações por trás dessa suposta vida dupla ainda não foram esclarecidas. O caso veio à tona em outubro de 2024, quando o magistrado tentou renovar seu RG com o nome falso em um Poupatempo na capital paulista, desencadeando uma investigação da Polícia Civil. Em 27 de fevereiro de 2025, a denúncia foi apresentada à 29ª Vara Criminal, e, no dia 31 de março, a Justiça aceitou o processo, tornando o juiz réu. O caso tramita sob sigilo judicial. A farsa teria começado em 1980, quando Reis obteve um RG como Edward Wickfield, declarando ser filho de supostos estrangeiros, Richard Lancelot e Anna Marie. Com esse documento, ele estudou Direito na USP, formou-se em 1992, passou no concurso para juiz em 1995 e construiu uma carreira notável, atuando em varas cíveis e assinando milhares de sentenças com o nome falso. Também coordenou o Núcleo Regional da Escola Paulista da Magistratura em Serra Negra, aposentando-se em 2018 sem despertar desconfianças. Para sustentar a fraude, apresentou documentos como certidão de nascimento forjada, dispensa militar, carteira do Ministério Público do Trabalho e título de eleitor, todos em nome de Wickfield — papéis que, na época, careciam de recursos antifraude. Uma matéria da Folha de S.Paulo de 1995 reforçou o personagem, descrevendo-o como descendente de nobres britânicos e neto de um juiz inglês, mas registros confirmam que ele nasceu em 1958, em Águas da Prata, filho de brasileiros chamados Vitalina e José. A Promotoria aponta três usos específicos de documentos falsos: em 2020, no Registro Nacional de Veículos; em 2021, no Detran; e em 2024, no Poupatempo, quando impressões digitais revelaram a verdade. O Ministério Público solicita a anulação dos documentos no nome falso, incluindo o CPF, além de medidas como entrega do passaporte e proibição de deixar a cidade. O caso expõe vulnerabilidades históricas no sistema de identificação e levanta questões sobre como uma fraude tão longa passou despercebida no Judiciário brasileiro.

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