As centrais sindicais e o Ministério Público do Trabalho (MPT) lançaram nesta terça-feira (3) um novo aplicativo destinado a receber denúncias de assédio eleitoral no ambiente de trabalho. Desenvolvido em parceria com várias centrais sindicais, incluindo a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical, o aplicativo tem como objetivo proteger os trabalhadores contra pressões para votar em determinados candidatos, uma prática antidemocrática que ameaça o direito ao voto livre.
De acordo com Paulo Oliveira, secretário de Organização e Mobilização da CS, o aplicativo não precisa ser baixado. Os trabalhadores podem acessar a página de denúncias diretamente por meio de um QR Code. A procuradora do MPT, Priscila Moreto, destacou que o assédio eleitoral muitas vezes se manifesta de forma sutil, com ameaças de demissão ou outras retaliações para influenciar a escolha de voto dos funcionários.
O problema é particularmente intenso em municípios menores, onde a influência dos empregadores sobre o voto dos funcionários pode ser mais direta, conforme explicado por Valeir Ertle, secretário nacional de Assuntos Jurídicos da CUT. “É comum que os trabalhadores conheçam os candidatos preferidos do empregador, e a pressão para que votem no candidato indicado é muito forte, especialmente em cidades pequenas e até em prefeituras”, afirmou.
O MPT, junto com as centrais sindicais, também disponibilizou cartilhas informativas sobre assédio eleitoral e “voto de cabresto” para ajudar os trabalhadores a identificar práticas ilícitas. Em 2022, uma parceria semelhante resultou em 3,5 mil denúncias de assédio eleitoral, um aumento significativo em relação às eleições de 2018, com 1.512 recomendações expedidas e 105 ações civis públicas ajuizadas.